5 Exercícios Para Deixar Sua Escrita Boladona

Acredite ou não, escrever é como ir para a academia. Você diz para todo mundo que vai para ficar saudável, mas, na verdade, só quer ficar boladão. Não, espera aí… não é isso.
Escrever bem é tipo ficar boladão. Você precisa treinar. (Agora sim!) Ninguém vira Arnold Schwarzenegger do dia para a noite, assim como ninguém escreve um romance de 600 páginas logo de primeira. E a maior parte das pessoas acha que ou você escreve um romance de 600 páginas ou não escreve nada. Mas a verdade não é bem assim. Você pode escrever um monte de outras coisas. Uma crônica. Um conto. Uma novela. Uma tirinha. Ou… não, um e-mail não. E-mails não contam porque eles são as briófitas do mundo da escrita.

Às vezes você quer escrever e não tem nenhuma ideia da história. Ou até tem a sua história incrível na cabeça, mas a última vez que você escreveu foi na oitava série, então está totalmente enferrujado. Nesse caso, uma boa forma de começar é com exercícios de escrita criativa.

Sim. Isso existe e talvez você nem saiba o que é, mas a gente vai resolver isso hoje.
Porque eu fiz esse vídeo sobre 5 EXERCÍCIOS para sua escrita ficar BOLADONA.

Agora que a gente já aqueceu um pouco na esteira, vamos começar com o básico. Vamos começar com supino inclinado. Que é o equivalente a um diálogo.

Supino Inclinado

Imagina que você tem um podcast no metaverso e pode convidar qualquer personagem de qualquer mídia existente para um bate-papo. Você vai escolher um personagem e escrever esse bate-papo entre você e ele. O podcast tem um formato meio entrevista e meio papo livre, assim fica fácil de começar porque você pode seguir a estrutura de perguntas e respostas, mas, logo que sua cabeça começar a ter umas ideias malucas, você pode conduzir o papo para uns lugares bem estranhos. E essa é a parte legal. Você pode só tentar fazer diálogos naturais ou pode pirar completamente na batatinha.

O objetivo aqui é focar 100% no diálogo. Assim como num podcast, não tem história. Não tem começo, meio nem fim. Quer dizer, tem que ter um fim, mas não precisa fazer sentido. E você não vai ficar descrevendo a mesa ou o microfone. É só diálogo. Pá. Pum. Travessão, travessão e travessão.

Força nesse peitoral!

Lembrando que, se você escolher o Homem de Ferro, por exemplo, você vai falar com o Homem de Ferro mesmo e não com o Robert D. Jr. É o personagem e não o ator. Então escolha alguém interessante.

Agora vamos fazer bíceps.

Rosca direta

Se você nunca escreveu um diário, essa é a hora. A diferença aqui é que você vai contar o seu dia num universo fantástico à sua escolha. Star Wars. MCU. Senhor dos Anéis. One Piece. Tanto faz. Você vai começar com “Querido diário, hoje eu BLÁ BLÁ BLÁ…” e continuar como se você tivesse passado o dia nesse universo. Mas vale lembrar que você não vai inventar os acontecimentos do dia e, muito menos, criar um personagem. Você vai contar o seu dia nesse mundo.

Se você acordou, perdeu o ônibus, se atrasou para o trabalho, brigou com o chefe e depois foi para o happy hour, então, no seu diário, você tem que ter acordado atrasado, perdido a Nave de Transporte para a Estrela da Morte, ter tomado uma bronca do Darth Vader e depois saído para beber com os outros Stormtroopers.

Já que a gente tá no bíceps, vamos fazer um pouco de tríceps também. A segunda parte do exercício é reescrever esse mesmo dia do seu diário usando a perspectiva de um stalker.

Se você escreveu seu dia do seu ponto de vista no Condado, por exemplo, agora você vai escrever esse mesmo dia do ponto de vista do Gollum, que acha que você tá com o anel dele e fica te observando de longe.

Não sei se ficou claro, mas a ideia é tornar a narrativa de coisas mundanas em coisas fantásticas. E também treinar a escrita de dois pontos de vista diferentes.

Agachamento

Ninguém gosta de fazer perna, assim como ninguém gosta de fazer descrições. Mas, uma vez na semana, a gente tem que fazer. Ponto final.

Então, nesse exercício, você vai escolher um cômodo da sua casa. Você vai até lá e vai descrever esse cômodo em até 280 palavras. O número é totalmente arbitrário, mas tem que ser respeitado. Isso porque você vai treinar descrições sucintas, mas que captem a essência do local.

Se é chato fazer descrições, imagina como é para quem está lendo. Por isso é importante que você seja breve e, ao mesmo tempo, passe a vibe do ambiente. E como aqui você não tá descrevendo um salão de festas medieval em Nárnia, você vai ter que se esforçar para representar de forma interessante esse lugar comum. A não ser que você de fato more em Nárnia.

Se o exercício estiver muito chato, coloque um desafio extra: a pessoa que for ler a descrição não pode ser capaz de deduzir de cara qual é o cômodo descrito. Ela também não pode ficar completamente perdida. O desafio é deixar a dúvida no ar. A pessoa tem que pensar: “Será que é o banheiro ou o quarto do meu filho? São tão parecidos…” E isso vai dar um tempero especial no exercício.

E se você for descrever o banheiro, tenha certeza de que ele tá vazio antes de entrar lá.

Crucifixo inverso

Escolha uma cena de um filme que você viu recentemente e a escreva. Não o filme inteiro. Só uma cena. Fácil, né? Bom… mais ou menos.

Um filme é uma mídia audiovisual, então você tem cenários, trilha sonora, diálogos, atuações e mais um monte de recursos. Num livro, você só tem o texto. Então, um personagem de um filme pode, por exemplo, demonstrar sofrimento por meio das expressões corporais, além do diálogo, claro.

Enquanto no livro, você só vai usar palavras. Você pode só fazer uma transcrição simples da cena toda e ok, seu texto vai ficar horrível. Porque o legal aqui é entrar na mente do personagem e descrever a cena do ponto de vista dele. Os pensamentos e as emoções, coisas que não são possíveis de serem feitas em um filme, ou que são feitas de outras formas. O objetivo é tentar traduzir a cena de uma mídia para outra sem perder a essência da coisa. Acredite, assim como treinar ombro no crucifixo inverso, não é tão fácil quanto parece.

Agora vamos exercitar um pouco as costas no nosso quinto e último exercício da série.

Remada cavalinho

Esse é um exercício de mudança de gênero. Você vai escolher um texto pequeno e vai reescrevê-lo mudando o gênero.

Calma, que eu vou explicar melhor. Você vai pegar um texto pequeno ou uma parte pequena de um texto grande. Pode ser de um livro na sua prateleira, pode ser a bíblia da sua avó, pode ser um texto da internet ou você pode só pedir para o ChatGPT gerar uma história para você.

Se for um texto de terror, você vai reescrevê-lo como comédia. Se for drama, vai reescrever como aventura. Se for uma reportagem, você vai fazer dela uma ficção científica. Esses são só exemplos, é claro. Você tem que usar a criatividade para fazer como quiser.

Pode não parecer, mas esse é o exercício mais difícil de todos. Porque ele treina a sua compreensão das características narrativas de cada gênero e como elas devem ser escritas.

O exercício é legal porque você não precisa se preocupar com enredo, personagens ou diálogos. O foco é o gênero da história e no tom que você quer dar pra ela.

Isso é uma coisa muito sutil na escrita, e um pouco avançada também. Mas vale a pena tentar.

Esse foi o fim da nossa série. Ou não. Porque personal bom é personal malvado! Eu falei que eram só 5 exercícios, mas se você ainda tá aqui eu vou dar um bônus: Você vai pegar um desses textos que você escreveu e vai ler para alguém. Mas o que isso tem a ver com escrita? Se você já publica o que escreve, nada. Mas se você ainda tá começando, vai te ajudar a ganhar confiança para escrever e publicar seus textos.

Eu garanto que vai ser divertido.

Tchau.

Já que está aqui, leia outro texto...

Ou compre um livro =)